Quando o cérebro chega próximo ao ponto de ebulição, uso uma tática que é infalível: a leitura de romances policiais. Nestes tempos em que o medo e a preocupação rondam nossas ideias, a fervura é quase permanente. Por isso, indico um policial de categoria.
Um dos meus autores policiais favoritos é o sueco Henning Mankell. Suas histórias não são apenas sobre um crime ou a vida de um detetive — o seu é Kurt Wallander, que virou uma boa série na BBC.
Um bom exemplo é O Homem de Beijing (Companhia das Letras), um catatau de mais de 500 páginas, mas que se lê tão rapidamente que se tem a sensação de ultrapassar uma novela.
Aqui, não temos Wallander, pois este não é simplesmente um policial. O livro avança por política internacional e história. Parte de um crime, um massacre ocorrido num vilarejo no interior da Suécia, onde 18 idosos morreram de forma brutal. Aparentemente sem causa, o caso chama a atenção de uma juíza, que começa a ligar pontos e a investigar por conta própria.
A história passeia por quatro continentes, recua no tempo até a época de construção dos Estados Unidos, vai tratar de vingança e discutir ideologias, em uma narrativa que raramente permite ao leitor tomar fôlego.
Uma deliciosa viagem, conduzida por imagens e personagens sólidos, em uma trama que muito bem amarrada em todas as suas pontas.
Leitura que entretém, prende a atenção e ajuda a abstrair, “O Homem de Beijing” ainda tem um texto muito bem escrito, como é comum em Mankell, sem soluções fáceis e obviedades. Pode apostar.