Li Jeff Lemire pela primeira há pouco mais de um ano. Sua peça de entrada foi “Nada a Perder” (Nemo), uma HQ que contava a história de um ex-ídolo do esporte esquecido no gelo do Canadá e que buscava reerguer sua vida.
A melancolia que impregnava as páginas da HQ me chamou a atenção para o autor canadense, e logo emendei com o que classificam como sua obra-prima, “Condado de Essex” (Mino), uma trilogia unida em um único volume que narra histórias de pessoas desse condado e como a vida se encarrega de cada uma delas.
Cheguei, depois, a “Soldador Subaquático” (Mino), o mais fraco do trio, mas igualmente forte e superior a boa parte do que é produzido atualmente.
Em paralelo, namorei por um ano a série Gideon Falls (Mino), sempre muito elogiada por quem lê e sabe o que falar a respeito de quadrinhos. Quando a editora lançou o terceiro volume, encontrei uma boa promoção na loja da Mino e comprei os três livros — aliás, essa é uma editora a ser acompanhada.
“Gideon Falls” traz Lemire no auge da sua imaginação. Ao lado de Andrea Sorrentino, o canadense encontra espaço para ousar em imagens e roteiro.
O resumo, no que é possível descrever: um padre chega a um vilarejo para substituir seu colega morto de forma misteriosa. Em paralelo, numa grande cidade, uma psiquiatra trata um homem, Norton, que tem visões e coleciona peças encontradas na rua.
Lendas sobre um celeiro ocupam a vida de Gideon Falls, enquanto outras mortes acontecem. O padre mergulha na investigação e procura parceiros que possam explicar o que acontece na cidade. Já Norton avança em sua psicose.
A história tem tons de terror e mistério, mas é muito mais complexa do que isso. Há política, religião, culpa. Viagens no tempo e em realidades aumentam a perplexidade do leitor. Tudo cercado por uma trama que vai se desenhando de forma engenhosa. Até este terceiro volume — estão previstos cinco no total —, não dá saber para onde caminha a história.
E as ilustrações, em cores, ao contrário das obras de Lemire, que opta pelo preto e branco, mostram um artista capaz de criar cenas potentes e de grande força visual, principalmente quando utiliza páginas duplas.
Se nos volumes 1 e 2 (“O Celeiro Negro” e “Pecados Originais”) há uma sequência lógica na série, ainda que saltos no tempo e no espaço acompanhem o desenrolar, o terceiro (“Via-Sacra”) abriu uma nova frente na história, com um recuo para o século 19, quando se dá início à lenda do celeiro.
Diferentemente de suas obras individuais, citadas no início do texto, a série “Gideon Falls” mostra um autor capaz de expandir seu universo sem perder suas características principais: a capacidade de imaginar, de contar boas histórias e ilustrar com criatividade.
Eu estava hiper curioso para saber qtos volumes Gideon Falls teria. Comprei o terceiro volume, mas vou esperar para sair os outros dois então. O mesmo acontece com Black Hammer também do Lemire Saberia dizer qtos volumes serão, Ricardo?
CurtirCurtir
Wanderson, sobre Black Hammer, não sei, não acompanho essa série. Gideon Falls, segundo a editora, deve ter mais dois volumes.
CurtirCurtir