“Número de erros acima do aceitável”, “tragédia ortográfica”, “cochilo de revisão e erros em tal número”. Essas foram algumas das expressões utilizadas pelo escritor e crítico Joca Reiners Terron para falar da edição de “Stoner” (John Williams), publicado pela Rádio Londres, na “Ilustrada” de sábado (25/4).
De certa forma, reverbera o que escrevi no blog 50 dias antes (6/3), no primeiro post sobre a edição desastrosa de “Stoner”. Um mês depois desse texto, publiquei um segundo (6/4), questionando o silêncio da imprensa – os blogs oba-oba já faziam o meio-de-campo com a editora, com parcerias. Até então, encontrei somente mais um texto que criticava a péssima edição, publicado no Blog do IMS por Antônio Xerxenesky, em 23/3.
Agora, o silêncio foi rompido, pois até sábado passado revistas, jornais e blogs só haviam elogiado a edição.
E aqui devo abrir um parênteses. O livro é excepcional. O que está colocado como problema é a trágica edição, com dezenas de erros de vários tipos – revisão, ortografia, concordância, gramatical.
O estrago foi imenso. No blog, sugeri o recall, pois os primeiros leitores compraram um produto defeituoso. A editora se limitou a dizer que iria lançar uma segunda edição revisada. Quem comprou a primeira teve que arcar com o prejuízo.
Muitos escritores e profissionais do meio literário disseram que o recall não seria o recomendável, pois poderia quebrar a editora. A questão que me levou a pedir o recall era preservar o direito de leitor/consumidor, que foi, de certa forma, abandonado pela editora. Se a correção do erro levaria à falência da editora, bem, ninguém quer que isso aconteça, mas qual o preço a ser pago por isso?
Na “Folha” de sábado, um texto acompanhou a crítica e citou o blog e o levantamento feito dos erros na edição. Assim como a resposta dada ao Capítulo Dois no primeiro post, a editora respondeu simplesmente de forma padrão: “Esperamos que os leitores possam desculpar os erros e apreciar nosso compromisso de fazer o possível para que não se repitam”.
Para o blog, a resposta foi similar: “Esperamos que os leitores possam desculpá-los (os erros) e apreciar nosso compromisso de saná-los e de fazer todo o possível para que não se repitam”.
Mas à “Folha” o editor da Rádio Londres, Gianluca Giurlando, acrescentou que um recall seria uma ideia “desproporcional”. Desproporcional é o número de erros num livro, essa é sensação que fica para quem leu a primeira edição.
Espero que a editora tenha mais cuidado no fechamento dos próximos volumes e que trate os leitores com o devido respeito.
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O blog está tentando entrevistar Gianluca Giurlando para falar desses problemas. Caso ele responda ao convite, publicarei a conversa.
Li apenas um livro da Rádio Londres, O imitador de homens, de Walter Tevis, em 2020. E os problemas da editora continuam. O livro é ótimo, mas são erros bobos, erros crassos de português o que mostra que não houve revisão e se houve foi feita de qualquer jeito.
Depois ela iniciou a pré-venda de um outro livro interessante, paguei e fiquei esperando receber. Muitas pessoas comentaram que estavam tentando contato com a Rádio Londres, mas a editora apenas desapareceu das redes, não respondia emails, nem nada.
Ela surgiu algum tempo depois, pedindo desculpas, que estava passando por reestruturação, que me mandaria um outro livro já que aquele da pré-venda não saiu. Consegui receber o livro e tal (não aquele da pré-venda), mas nunca mais quero contato com eles. São tratantes e caloteiros.
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Depois de tanto tempo, os problemas permanecem. Eu só comprei um livro depois do meu problema inicial, Tirza. Nunca mais tive coragem de comprar nada da editora.
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Acabei de ler Stoner e lembrei desses comentários que você tinha feito. Li a segunda edição e realmente eles mexeram completamente no texto. Eu não encontrei nenhum erro enquanto lia e agora fui procurar os erros que você citou. Foram corrigidos, felizmente. O que ficou foi um romance sublime, que li com o coração apertado.
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O romance é ótimo. Pena que aconteceu isso com os primeiros leitores. Fiquei com um livro ilegível, não tiveram a decência de trocar o exemplar. Acho que só comprei mais um livro da editora. Nunca mais compro nada da Rádio Londres.
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