“Resolveu fazer o trajeto da véspera. Nada de irreparável acontecera, a cidade conservava fielmente todos os locais que ele havia visitado. No lugar onde o primeiro pombo batera no carro, ele parou. O pássaro não perdera sangue algum, não se via nada. Agora, seus passos conduziam-no até onde passara na manhã da véspera. No porta-embrulhos de uma bicicleta imaginária, encontrava-se uma jovem imaginária. Era isso que ele conheceria ao se tornar um idoso: uma cidade entupida de casas, mulheres, câmeras, jovens imaginárias. Perto do parque, a ponte móvel confundia-se com a rua.”
Cees Nooteboom, “Rituais”