Imagine a história. Numa noite de 1937, três amigos conversam sobre ficção fantástica e lá pelo meio do papo resolvam editar uma coletânea de textos de seus autores preferidos. O livro é lançado em versão três anos depois daquela primeira conversa. E em 1962, ganha edição consolidada com todos os autores escolhidos.

A antologia contém contos, trechos de romances e peças de teatro. Ao todo, são 75 histórias.
Os três amigos eram Adolfo Bioy Casares, Jorge Luis Borges e Silvina O campo – Casares e Silvina casariam no ano do primeiro lançamento, em janeiro. O livro, “Antologia da Literatura Fantástica”, foi lançado no Natal de 1940 e, além de divulgar o gênero, ajudou a consolidar a América Latina como seu principal criador a partir da metade do século 20.

A Cosac Naify acaba de lançar a tradução do volume consolidado imaginado pelos três escritores argentinos. Com prólogo de Casares, o livro tem textos do trio de amigos, Jean Cocteau, Cortázar, James Joyce, Kafka, Eugene O’Neill, Edgar Allan Poe, H.G. Wells, entre outros.
Como todo título da editora, a edição é caprichada, com capa dura e ilustração de Zansky.
É possível pensar que o livro é uma espécie de cânone da literatura fantástica para Borges, por exemplo. Só por isso o livro já é obrigatório em qualquer biblioteca. E, num exercício de ficção, por que não imaginar a conversa dos três amigos sobre literatura em algum lugar de Buenos Aires, há 76 anos, enquanto as páginas vão passando? Não é esse um dos motivos da literatura?

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